segunda-feira, 23 de setembro de 2013

DICAS PARA MEMÓRIA




  • amplie o repertório cultural, a leitura nos dá agilidade mental, aumenta nosso vocabulário e facilita a capacidade de associar ideias. Quanto mais diverso for o repertório de uma pessoa (literário, musical, cinematográfico etc.), melhor funcionará sua memória;

  • diversifique as atividades diárias;
  • bons hábitos alimentares: alimentos ricos em flavonoides (presentes nas frutas vermelhas), ômega-3 (peixes, castanhas), vitaminas do complexo B (carnes vermelhas, aves, grãos integrais, leite) e colina (ovos) – este último nutriente é precursor do neurotransmissor acetilcolina, que é envolvido no processo de memorização;
  • relaxantes noites de sono irão consolidar a memória de longo prazo;
  • atividade física aumenta a oxigenação cerebral e promove a liberação de substâncias favoráveis ao aprendizado, além de trabalhar a coordenação motora;
  • não adianta ler várias vezes para memorizar as dicas, mas prestar muita atenção em cada uma delas será essencial, pois a boa memória depende de atenção. Se a pessoa está desatenta ou distraída, não fixa bem as informações;
  • treino e disciplina;                              
  • Sigam as dicas e façam atividades diversificadas, que usem os sentidos para aquisição de informação de forma prazerosa e sem estresse, pois este libera o hormônio cortisol, o que faz com que a memória fique prejudicada quando há excesso dele;
  • A redução do número de sinapses (as conexões entre os neurônios), o decréscimo na produção de neurotransmissores e os declínios do metabolismo são problemas naturais que acompanham o envelhecimento e, por consequência, nossas memórias. Portanto, manter uma constante atividade intelectual pode minimizar a perda de neurônios.
  • TODAS AS ATIVIDADES SÃO IMPORTANTES QUANDO DÃO PRAZER, então escolha uma que seja interessante para você e benéfica para o cérebro: aprender a tocar um instrumento musical; estudar uma língua estrangeira; jogar videogame; fazer sudoku; buscar novas rotas para o trabalho; matricular-se em aulas de dança.



segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Quais as consequências cognitivas de um stress pós traumático??


Com a violência social que vivemos hoje em dia, muitos de nós já passamos por situações estressantes e traumatizantes ou conhecemos alguém que já vivenciou um assalto, sequestro, violência física, psicológica, sexual e entre outras. E diante daquela pessoa vítima, nos deparamos com muitos sofrimentos e dificuldades, que acabam interferindo na vida pessoal, acadêmica e profissional da vítima. Eis que surge uma questão: qual a consequência neuropsicológicas do transtorno de estresse pós traumático? O que acontece com nosso cérebro que prejudica nossa vida de forma geral?
Segundo a Associação Americana de Psiquiatria (2002), os critérios do transtorno de estresse pós traumático (TEPT) são agrupados em três categorias de sintomas: reexperiência intrusiva do trauma, esquiva persistente de estímulos associados com o trauma e entorpecimento da reatividade geral e sintomas persistentes de excitabilidade fisiológica.
No CID 10 (Código das Doenças Internacionais – 10ª edição, 2006) em sua última versão, o estresse pós-traumático caracteriza-se como uma resposta tardia e/ou protraída a um evento ou situação estressante (de curta ou longa duração) de natureza excepcionalmente ameaçadora ou catastrófica. E, reconhecidamente, causaria extrema angústia em qualquer pessoa. O paciente experimentou, testemunhou ou foi confrontado com um evento ou eventos que implicaram morte ou ameaça de morte, lesão grave ou ameaça da integridade física a si ou a outros.
Cognitivamente falando, o TEPT é ainda entendido como, um distúrbio da memória, devido às falhas no processamento da informação do evento traumático, que podem estar associados: ao processamento seletivo do conteúdo do evento traumático, á generalização dos estímulos explícitos e implícitos da memória traumática, a problemas para o esquecimento direto do conteúdo traumático da memória, a problemas na recuperação das memórias autobiográficas (Macbally, 1998 apud Borges e Dell’Aglio, 2008).
De acordo com Bremner (1999), Glaser (2000) e De Bellis (2005) apud Borges e Dell’Aglio (2009) o abuso tem efeito sobre os processos de maturação e organização cerebral, devido a hiperativação crônica dos sistemas neurais de resposta ao estresse.
Pesquisas de neuroimagem indicam a presença de prejuízos no hipocampo, hipotálamo, amígdala, córtex pré frontal e giro cingulado anterior. Estas regiões estão implicadas na regulação emocional, aprendizagem, memória, atenção e controle executivo. Observa-se redução do volume cerebral, do hipocampo, do corpo caloso, giro cingulado anterior, giro cingulado superior e córtex pré frontal e aumento dos ventrículos laterais.
Grinker e Spiegel (1945), Kardiner (1941) e Tem (1993) apud Silva (2000), dizem que memórias traumáticas são codificadas de um modo diferente do que memórias de eventos comuns, isto porque o estado emocional, em que o individuo se encontra, interfere na função do hipocampo que estão ligados com a memorização.
            Pesquisas neurobiológicas e neuropsicológicas do transtorno de estresse pós traumático sugerem que as memórias intrusivas do trauma são acompanhadas de altos níveis de excitabilidade fisiológica, as quais ativam o hipocampo, a amígdala, o lobo temporal inferior, o córtex pré frontal e o eixo hipotálamo – hipocampo – amígdala (HHA) (Elzinga & Bremner, 2002; Pine, 2003 apud Borges e Dell’Aglio, 2009).
            Os mesmos autores citam que falhas na inibição dos estímulos cognitivos, baixa capacidade de inibição emocional, maior presença de lembranças intrusivas e déficits de atenção sustentada foram relacionadas aos prejuízos no funcionamento do córtex pré frontal.
            Estudos indicam também um baixo desempenho na memória verbal declarativa, memória imediata, habilidades visuoconstrutivas, atenção sustentada e nas funções executivas; pior desempenho em tarefas de atenção e raciocínio. O baixo desempenho na atenção pode estar associado à disfunção do córtex frontal e de suas conexões com o sistema límbico. (Bremner, Vermeth, Afzal & Vythilingam (2004); Vasterling & colaboradores (2002); Yehuda, Gobier, Halligan & Harvery (2004), Beers & De Bellis (2002) apud Borges e Dell’Aglio (2009).
            Eventos traumáticos ativma os sistemas neurais de resposta ao estresse: sistema nervoso central, sistema nervoso periférico, sistema neuroendócrino e sistema imunológico (De Bellis, 2001; Glaser, 2000; Yehuda, 2001 apud Borges e Dell’Aglio, 2008). Também observaram que os prejuízos nas funções cognitivas, verificados através de testagem neuropsicológica são: memória, envolvendo recuperação imediata de informações verbais e visuais; atenção verbal e visual; funções executivas, incluindo provas de resolução de problemas que estão relacionados com as seguintes estruturas: hipocampo, amígdala, córtex pré frontal e giro cingulado.
Diante do acima exposto, as dificuldades observadas nos pacientes com estresse pós traumático não são só de cunho emocional, mas também cognitivo. Deve-se, portanto, incluir no tratamento, além da psicofarmacoterapia, a avaliação neuropsicológica para constatar as funções prejudicadas e reabilita-las, psicoterapia com o objetivo de dar suporte e promover mudanças no estilo de vida do paciente.
                   
APA – Associação Americana de Psiquiatria. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais. Porto Alegre: Artmed, 4 ed., 2002.

BORGES, J.L; DELL’AGLIO, D.D. Funções cognitivas e transtorno de estresse pós traumático em meninas vítimas de abuso sexual. Rio Grande do Sul: Revista Aletheia, n 29, p. 88-102, 2009. Disponível em: http://pepsic.bvs-psi.org.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942009000100008 Acessado em: 10.12.10

BORGES, J.L; DELL’AGLIO, D.D. Relação entre abuso sexual na infância, transtorno de estresse pós traumático e prejuízos cognitivos. Maringá: Revista Psicologia em estudo, vol 13, n 2, p.371-379, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/pe/v13n2/a20v13n2.pdf Acessado em: 10.12.10

Organização Mundial de Saúde. Classificação de transtornos mentais e de comportamento da CID 10. Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

SILVA, I.R. Abuso e trauma: efeitos da desordem de estresse pós traumático e desordem de múltipla personalidade. São Paulo: Vetor, 2000.



Raquel Formigoni Dias
Psicóloga e Neuropsicóloga

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Transtorno bipolar lesa o cérebro

A doença causada pela alternância entre depressão e mania atinge 2,2% da população (4,2 milhões de brasileiros) segundo dados da Associação Brasileira de Psiquiatria. Além de ser a doença que mais mata por suicídio: cerca de 15% dos doentes se matam (dados Folhapress).
Crises bipolares não são mudanças de humor no dia, de manhã está bem e a tarde irritado, nem se irritar facilmente, como muitos pensam. A doença tem duração de semanas, alteração do sono, perda do senso crítico e comportamentos compulsivos.
Segundo o grupo do psiquiatra Flávio Kapczinski da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, estudos recentes que ainda não estão publicados, observam que o cérebro com transtorno bipolar não controlado sofre com o excesso de neurotransmissores pois as crises são acompanhadas com descargas de substâncias como dopamina e glutamato. Na tentativa de controlar, o organismo envia para região células protetoras e estas produzem inflamação, causando perda de conexão entre neurônios.
Após cinco episódios de crise perde-se 10% do hipocampo, área responsável pela memória. O paciente apresenta problemas de memória, planejamento e concentração, funções ligadas a parte frontal do cérebro.

Portanto, se não tratado, o transtorno mental que mais causa suicídio, faz uma enxurrada no cérebro.